Blog do Leão Pelado



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Colaboradores:

A. João Soares, Aruangua, J. Rodrigues, Sapiens, Mentiroso



1º de Dezembro

Todos os países têm um dia nacional em que celebram a sua nacionalidade, independência, fraternidade e união nacional. Os dias nacionais foram escolhidos precisamente com essa intenção.

Portugal até tem quatro. Só que o verdadeiro é preterido em favor de dias que celebram facções, portanto nada do que se verifica noutros países. Mais um caso que coloca os portugueses na posição de diferença inferior, para não destoar do que passou a ser costume nacional impingido por políticos corruptos.

Voltando à escolha desse dia noutros países, ela afirma-se sempre no sentido referido. Um exemplo conhecido, mas não tão bem nem tanto em Portugal como se julga e se afirma, é o da França. A França celebra o seu dia nacional em comemoração da tomada da Bastilha pelo povo, em 14 de Julho de 1789. A essa data seguiu-se a Revolução, ou seja, o maior morticínio da humanidade decorrido num país e perpetrado pelo seu próprio povo contra si mesmo. Seguiu-se a república, o império, de novo a monarquia e outra vez a república. Durante esta sucessão de regimes o 14 de Julho foi ininterruptamente celebrado com o mesmo sentimento de liberdade, o mesmo fervor patriótico, a mesma devoção, a mesma cerimónia. Embora esta última tenha sempre ido de paralelo com os costumes e o protocolo dos tempos, foi constantemente a marca dominante da comemoração, sem distinção alguma do regime da ocasião. Os regimes caem e são substituídos, as nações devem permanecer acima de qualquer regime, partido ou outro valor relativo. Em 14 de Julho, os franceses celebram a vitória da liberdade sobre a repressão, mais nada, tal como o comemoraram durante o império ou a monarquia após a data comemorada.

Tendo em consideração as diferença das celebrações relativamente à situação geográfica, aos costumes específicos a cada país, ou ao facto em si, nos outros países passa-se sempre de forma idêntica.

Em tais datas nunca se celebra um regime, como a podridão política há quase um século (com interrupção) tem querido abastardar o dia nacional português. Por vários motivos, as comemorações portuguesas têm sido ultimamente progressivamente menosprezadas e tentativas de substituição têm surgido em dois períodos no decurso do último século.

Primeiro foram os anarquistas republicanos, que em comemoração dum assassínio profundamente cobarde, emergente de falsas ideias e más intenções, mas que nunca foi abertamente aprovado, quiseram atribuir ao 5 de Outubro uma aura de dia nacional. Porém, 5 de Outubro não pode representar mais do que uma mudança sangrenta de regime. Afinal o que se combatia na altura não era um regime ao mais alto nível, mas a ditadura de João Franco. Todavia, sob instigação republicana, em lugar de se exigir a demissão do político podre e abusador, assassinou-se o rei.

Matar o ditador em lugar do rei também não seria recomendável, pois que a morte, em qualquer circunstância não natural ou por doença ou acidente, não passa dum assassínio, mesmo se concebida como pena, como na maioria dos estados dos Estados Unidos, onde o próprio Estado veste o hábito negro do assassino. Porém, matar uma pessoa por outra, como cá se passou, foi da autoria dos republicanos da época, que não recuaram a nenhum meio para atingirem os seus fins, incluído o crime. Como prova, os verdadeiros culpados, os instigadores que armaram as mãos dos assassinos, nunca foram julgados e continuaram a viver com o apoio dos outros republicanos seus contemporâneos.

Não é tampouco concebível que os republicanos de hoje procedessem de modo comparável ou semelhante, mas também é inconcebível que, mesmo sub-repticiamente, aprovem os meios usados para ganharem a sua causa. Mais ainda, que queiram elevar a celebração dum assassínio a dia nacional. Começaram mal e não o querem reconhecer.

O dia 5 de Outubro nunca foi reconhecido verdadeiramente como dia nacional, embora fortes tentativas tenham sido aplicadas nesse sentido. Primeiro porque se baseia num acto indigno e criminoso e tal faria dos portugueses os apoiantes de actos indignos e criminosos. Segundo, tratando-se do dia da conquisto do poder por uma facção, não pode ser tomado como dia nacional pela simples razão de que um dia nacional deve ser e tem que ser verdadeiramente um dia indiscutivelmente nacional, que abranja toda a população sem qualquer distinção ou excepção.

No entanto, nestas últimas décadas temos assistidos a várias tentativas de forçar a legitimidade do que é ilegítimo. Este facto deve-se em parte a Mário Soares e alguns outros pretenderem fazer a execrável Espanha passar por um país amigo, coagindo assim os defensores da independência reduzirem o legítimo e tradicional apoio dado ao 1º de Dezembro. Também se deve a monstruosa cobardia dos políticos traidores que se tem verificado como mencionado e pela sua quase vassalagem em relação a Espanha.

Por motivos absolutamente comparáveis aos que favorecem o apoio do 5 de Outubro como dia nacional, nasceu um movimento semelhante em favor doutro dia comparável, o 25 de Abril. A semelhança é tão grande e evidente que se pode abster de a repetir sem preocupação de se errar ou de deixar de se referir algo de importante. Tal como anteriormente argumentado, não é um dia que possa considerar-se como abrangendo todos os portugueses, visto a existência duma parte de entre eles – ainda maior que no caso anterior – não o aceitar como tal. Com razão ou sem ela, o facto está lá, é indubitável e tem que ser admitido, porque um dia nacional deve ser indiscutível. Assim como o 5 de Outubro, é mais uma nódoa com que se quer manchar o dia da independência. Incontestável ainda, é que mesmo no tempo da ditadura nunca se pretendeu minimizar o dia nacional nem jamais tentou fabricar-lhe substitutos. Os tempos não foram bons, mas este ponto foi adequadamente tratado.

Inquestionável: cada dia comemorável tem a sua razão de ser, cada dia tem o seu valor, os seus atributos são particulares e individuais, não comutáveis.

Hoje, mais do que nunca,
Viva a Independência de Portugal!
Morte aos invasores Castelhanos e fora com eles!


Queremos turistas que larguem cá o dinheiro e não as sanguessugas de ladrões investidores estrangeiros para o levarem e hipotecarem o nosso futuro.

2 mentiras:

Anonymous said...

Gostei da análise do simbolismo dos "dias nacionais". A meu ver, para ter essa categoria, a data terá de ser verdadeiramente nacional, ou seja, merecer consenso a esse nível. Talvez seja por isso que o 25 de Abril, ou o 10 de Junho, não sejam datas que tenham merecido essa categoria de "dia nacional". Também me permito duvidar que, hoje em dia, o 1º de Dezembro permaneça como "dia nacional". Isto na medida em que comemora um acontecimento muito recuado no tempo que, apesar do que possamos dizer sobre o facto de antipatizarmos profundamente com os espanhóis e com tudo aquilo que representam, não deixou der ser polémico.
Quando uma facção independentista resolveu pôr fim ao domínio castelhano em Portugal não deixava de estar a servir os seus interesses particulares: a nobreza e classes dominantes associadas aos Duques de Bragança pretendiam a sua "própria" conquista do poder, talvez muito mais do que "restaurar" Portugal. Isto porque, sob o domínio castelhano, a Coroa de Portugal nunca deixou de existir.
Abreviando, o 1º de Dezembro não me parece que disponha desse carácter "nacional", que poderia ter, nas nossos tempos. No entanto, concordo inteiramente com a necessidade de reafirmarmos a nossa independência nacional face à Espanha imperialista dos nossos dias. E também face ao imperialismo europeu que está a fazer de Portugal uma região abandonada, periférica e pobre, num continente em que fomos o primeiro país independente!
Um abraço

Mentiroso said...

O 10 de Junho nunca foi verdadeiramente um dia nacional. Primeiro foi “empurrado” nesse sentido e em seguida foi “impelido” para uma espécie de dia do “Commonwealth”. O 25 de Abril é um dia de facção política, tipo 5 de Outubro, do género que citas.

Sobre a questão do 1º de Dezembro ser um acontecimento muito recuado, há países em que o dia nacional ainda o é mais. O mais recuado que me lembro é o da Suíça, que remonta a 1291. Foi o ano em que correram com os Hapsburgs e as primeiras quatro regiões se uniram, tomando o nome de cantões e fundaram a Confederação. É possível que existam outros dias nacionais ainda mais antigos.

A situação de Portugal entre 1580 e 1640 era muito comparável à da Catalunha, país independente e que falava o Occitânio, com territórios no Mediterrâneo, onde tinha um comércio florescente. A questão de tanto Portugal como a Catalunha terem lutado simultaneamente pelas suas independências, levou Castela a escolher em conservar apenas um deles sob o seu jugo. Como não podia acorrer aos dois fogos ao mesmo tempo, teve de escolher.

Quanto ao ódio ressentido contra os castelhanos, não é uma "especialidade" portuguesa, existe em todos os cantos do mundo onde eles estiveram. Em Portugal até nunca foi dos maiores por não terem perpetrado as mesmas barbaridades. Na Holanda, na América Central e na do Sul é outra coisa. Com efeito, o espanhóis por todo o lado que passaram deixaram um rasto (mar) de sangue. Na ilha Hispaniola, conseguiram exterminar completamente a população índia local, que depois substituíram por escravos africanos. A primeira coisa que fizeram nas ilhas Canárias foi exactamente o mesmo. Factos pouco conhecidos por não terem escapado sobreviventes para contar, apenas um livro de Frei Bartolomeu de las Casas (São Bartolomeu), missionário e depois Bispo na época, nas Américas, que teve que fugir para Espanha por causa dos colonos que queriam matar os índios. Não existe hoje população das Américas em que eles tivessem estado que não os odeia. Continua a ser o grande problema da região. Quando foi da comemoração dos 500 anos da chegada de Colombo ao continente verificaram-se as mais veementes e encarniçadas demonstrações dos autóctones em contra-comemoração. À parte os mongóis (em circunstâncias mais atenuantes), não dever ter existido povo mais bárbaro nem mais odiado por onde quer que tenha passado. (Em todos os links há mais do que uma referência.)