Blog do Leão Pelado



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Colaboradores:

A. João Soares, Aruangua, J. Rodrigues, Sapiens, Mentiroso



Ota
O Que Não se Disse

O caso do aeroporto da Ota tem sido debatido e rebatido por todo o lado, tanto em blogs como em todos os meios jornalísticos. Parece, todavia, que um ângulo da questão tem sido esquecido, desprezado ou escamoteado desde o início.

Este aeroporto, diz-se que seria para Lisboa, mas é uma mentira insolente. Na realidade seria para o centro do país e para que Lisboa ficasse sem aeroporto. Todas as grandes cidades inseridas em grandes áreas populacionais possuem mais de um aeroporto. Não vamos comparar Lisboa a Londres, cuja área populacional é superior à de Portugal e tem cinco aeroportos em pleno funcionamento, mais alguns outros de pequena importância, mas um aeroporto para a área de Lisboa parece certamente uma penúria. Que se passa então? Certamente haverá algo mais?

Para termos uma ideia do que se passa, teremos que analisar o que nesse contexto e noutros se constata, donde se possam tirar conclusões paralelas do que se tem verificado no país.

Temos observado que o Alentejo, uma das regiões mais pobres e atrasadas da Europa, pelo menos como tal oficialmente reconhecido, pouco tem lucrado com a política de favor da EU. Que se tem lá feito? Nada nos tem sido anunciado. Entretanto, todos os dias, no Jornal da Tarde da RTP, que há muito deixou de ser um jornal nacional para ser convertido num boletim regional propagandista do Porto, sem qualquer interesse a nível nacional, são noticiadas as grandezas tripeironas com desproporcionado destaque em virtude de se ignorarem as outras regiões do país. É jornal sem mérito nem interesse para ser visto pelo restante país. Todos os dias se apresentam reportagens apenas da zona, raramente doutros lados, a menos que imprescindíveis. Apoiando-se na falta de conhecimentos culturais em geral, tem-se mesmo admitido a ignorância tripeira – como os erros no uso dos tempos verbais – como direito a uma característica regional: a de serem iletrados. Anunciam-se os milagres tripeiros, o que lá é feito pelos governos, a superior capacidade daquela gentalha em absorver os fundos que deveriam ser canalizados para as regiões do interior, como Trás-os-Montes, a Beira Interior ou o aludido Alentejo.

O conhecido e crescente atraso destas regiões deve-se, parcialmente, a uma boa fracção dos fundos que lhes eram destinados terem sido desviados para a região tripeira.

Como conseguem eles, então, apossar-se do que de direito pertence ás outras regiões? Dadas as experiências e pelo pouco que tem transparecido da corrupção nacional, é impossível deixar de imaginar – acertadamente ou não – que as todas as obras e estruturas de melhoria pagas com o dinheiro de todos só podem ter sido efectuadas em consequência de tramóias de corrupção política em que, havendo corrupção, se presume a existência de lucros ilícitos.

Em relação a Lisboa, como se justifica, por exemplo, que numa área proporcionalmente deveras inferior em número de habitantes, tenha sido construída uma estrutura rodoviária proporcionalmente muito maior de que a da capital, tendo esta, de antemão, estruturas inferiores? Em que se fundamenta o elevado número de pontes para juntar meia dúzia de gatos pingados, quando para comunicar entre as duas margens do Tejo, numa região que engloba mais de três milhões de habitantes, só existem duas? Como se concebe que uma região muito menor que a de Lisboa possa ter quase o dobro de extensão de linhas de metropolitano? Não que aquilo seja muito mais que um eléctrico maior. Não é que este conjunto de transportes não faça verdadeiramente falta, mas serve uma população muito menor do que da região da Capital, esta muito mais carenciada, além de ter sido criada em despeito e contra as necessidades nacionais.

Os dados oficiais das duas rede de metropolitano são os seguintes.

  Lisboa Porto
  Nº de linhas  4  5
  Km de vias        35,6        60
  Nº de carruagens      338        72 *
  Nº de estações        44        69
  Unid./composição 6 (4 numa linha)  2
  Nº de passag./dia ½ milhão ±32.000
em 2004


* O site do Porto diz 72 unidades, mas o texto confuso parece chamar unidade a uma composição de 2 unidades, pelo que é possível que a rede tenha, então, 144 carruagens. O que se pretende demonstrar mantém, porém, o seu significado.

  • A distribuição do número de veículos pelos quilómetros de via e o número de unidades por composição denotam as necessidades dos transportes, a abundância de unidades no Porto e a sua miserável escassez na Capital.
  • O número de passageiros transportados atesta a rentabilidade geral.
  • A enorme desproporção entre Lisboa e a cidade tripeira é mais do que evidente.


Para que fique bem patente, repete-se que as necessidades de transporte no Porto eram tão justificadas como em todo o país em que uma pesada miséria reina e trava o desenvolvimento. O que não é de modo algum justificável nem aceitável é a desproporção resultante entre o Porto e o restante país, em que Lisboa é flagrante apenas por mais facilmente comparável.

Como é amplamente conhecido, o Porto, movido por um sentimento de inferioridade, sempre foi comido por inveja, donde mal intencionado. Já antes de 1147 se mordiam de inveja por não serem mais do que uma cidadela sem grande importância e – nesses tempos de grande consideração – estarem religiosamente sob a alçada hierárquica da poderosa arquidiocese da Braga, que se estendia ao reino de Leão, cuja intercepção junto da Santa Sé para a independência do reino foi determinante.

O Porto nunca foi residência de nenhuma família real. Facto significante é a recente invenção de que o Infante D. Henrique nasceu no Porto, quando aconteceu no seu distrito mas não na cidade. Não existe qualquer registo nem indício de que D. João I alguma vez tenha tampouco pernoitado no Porto. Os reis das duas primeiras dinastias deram a sua preferência a várias cidades, o que incluiu as primeiras cortes do reino, o primeiro mosteiro e a sua maior igreja, a primeira universidade. Todos os “primeiros” tiveram lugar fora do Porto, o que simultaneamente justifica a pouca importância que a cidade sempre teve no país e serviu de base à inveja dos espíritos mal formados.

É bem conhecido aquilo a que erradamente – ou em guisa de desculpa – se diz dos tripeiros e que eles próprios, honestamente, assumem: “são bairristas”. Todavia, parece aqui esquecer-se de que o bairrismo não é mais nem menos do que uma forma embrionária de racismo. É inconcebível, mas devido à condescendência desadequada do restante país, este embrião do racismo tem vindo a crescer e a afirmar-se cada vez mais em direcção a tudo e a todos que não tenha raiz na terra das tripas.

Após 1147, Lisboa continuou a assumir o peso da importância que já tinha antes da sua conquista. Os invejosos e mal intencionados no Porto sempre tudo fizeram para diminuir esta incontestável hegemonia que Lisboa conservou. Como nunca conseguiram levantar razões válidas para “apedrejar” a Capital, os tripeiros vieram então chamar mouros aos povos do sul. Aí virou-se o feitiço contra o feiticeiro. Segundo a História nos conta, os mouros foram os herdeiros da cultura (religiões à parte) Greco-Romana, aqueles que a adquiriram e conservaram durante a idade das trevas da Europa e que no-la transmitiram acrescendo-lhe os conhecimentos que eles próprios tinham adquirido. Portanto, quando os tripeiros chamam mouros às gentes do sul estão a admitir e a confessar a inferioridade e o atraso que arrastaram ao longo dos séculos. Os tempos correram e hoje essa diferença desvaneceu-se. Todavia, enunciá-la é patentear o que antecede.

Tem sido por causa dessa inveja que os políticos corruptos têm desviado os fundos europeus das regiões mais atrasadas, em que o Alentejo e as outras regiões mais pobres se enquadram, para a região do Porto. Há anos que a região de Lisboa e vale do Tejo deixou de receber esses fundos.

Após esta longa ilustração da mensurável realidade nacional, podemos aplicar o que recordámos à questão do aeroporto do centro (não de Lisboa…). Antes, devemos ainda lembrar que neste momento somos governados por quem se toma por um “Déspota Iluminado”, donde, qualquer género de diálogo ou esclarecimento se torna impossível. Já que estamos em maré de recordações, não se pode obliterar o facto de que a ideia luminosa da construção dum aeroporto a meio do país não é verdadeiramente dos actuais impostores. Com efeito foi o governo a que pertenceu um tal Gnomo de Joelhos pariu tal idiotice. Com a ideia era lixo, foi imediatamente aproveitada por um governo de lixo. Entretanto, o idiota que antes defendia a ideia ao soco e à dentada, ataca-a agora à cacetada. Não faz lembrar aqueles espectáculos de fantoches que havia há dezenas de anos, principalmente nas praias?

Como se pode de outro modo compreender que se tenha praticamente refeito o aeroporto de Pedras Rubras e agora se queira dar a grande machadada a Lisboa? Sim, porque construir um aeroporto na Ota não é construir um novo aeroporto para Lisboa nem deslocá-lo, é fazer um novo aeroporto para o centro do país e retirar a Lisboa aquele que já tem, tentando assim os apoiantes dos tripeiros a dita machadada na supremacia da capital, que seria seriamente atingida. De recordar ainda que para além disto, o Porto sempre tem parasitado o Norte do País. Veja-se, por exemplo, como os tripeiros baptizaram o vinho generoso das encostas de Trás-Os-Montes.

Poderá haver outro fundamento para a falta de pontes na região de Lisboa, para as suas diminutas vias de comunicação, ou para a construção dum aeroporto no centro do país?

De qualquer modo, parece evidente que a corrupção não é estranha a estes casos. Muito se tem discutido sobre o caso, mas parece que nem tudo. Não estaremos mais uma vez a ser anestesiados a fim de que os corruptos colham os seus frutos despercebidamente, como de costume?

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