A formação dos governos não representa a vontade expressa pelos eleitores. Portugal é apenas um dos muitos países que não segue a regra democrática, mas não segue. A maioria da população não se dá conta do embuste, mas o facto é que, em consequência, num sistema representativo os governos portugueses não representam mais que uma ínfima fracção da população: não são representativos.
PS 36,56% 2.068.665 96
PSD 29,09% 1.646.097 78
CDS-PP 10,46% 592.064 21
BE 9,85% 557.109 16
CDU 7,88% 446.174 15
Votos brancos 1,75% 98.993
Votos nulos 1,31 % 74.274
Eleitores Inscritos: 9.337.314.
Votaram 5.658.778 60,6%.
Apenas 5 dos 17 partidos conseguiram eleger deputados.
Os deputados eleitos para o parlamento representam os resultados das urnas, ou seja, a vontade dos eleitores. Os eleitores estão assim fielmente representados no parlamento desde que os partidos não façam trocas, o que lhes devia ser vedado por ilícito, pois que isso corresponde a trapacear e inutilizar as eleições.
Partindo do princípio que o número de eleitores que votaram corresponde ao total dos eleitores nacionais, constatamos que o governo será formado pelos votos de apenas 36,56% e que os restantes 63.44% dos votos reais vão directamente para o lixo.
Partindo do princípio que o número de eleitores inscritos corresponde ao total dos eleitores nacionais, constatamos que o governo será formado pelos votos de apenas 22,15% e que os restantes 77,85% foram para o lixo.
Estas constatações correspondem quase exactamente ao publicado em posts anteriores: os governos formados por este processo não representam ao que foi expressado nas eleições. Não representas os eleitores, pelo que não têm legitimidade democrática. Qualquer argumentação pretendendo dar legitimidade a tais governos é obviamente desmentida pelos factos.
O principal argumento que pretende dar legitimidade a um tal governo extremamente minoritário e onde os votos da maioria da população são desrespeitados que não seria possível aos políticos de governar por não se entenderem. Se isso não lhes é possível, pelo menos de acordo com as normas dos países mais democráticos, só poderá ser por um dos seguintes motivos ou, como admissível e provado, por todos em simultâneo:
- Falta civismo;
- Falta de interesse no governo do país;
- Na intenção de formarem governo é apenas para se governarem em lugar de governarem o país;
- Quererem guardar os lugares da administração, de que ilegalmente se apossam, unicamente para os parasitas do partido;
- Evitarem que outros partidos tomem conhecimento da sua corrupção interna.
É bem claro que com métodos deste tipo não vamos a lado nenhum. O progresso é o possível, que é condicionado por esta política e não há outro a esperar não obstantes os seus discursos burlões. Não restam dúvidas de que se os políticos apregoam que isto é uma democracia, só o podem fazer para defenderem os seus interesses corruptos oligárquico-mafiosos e porque sabem que para esse fim podem enganar uma populaça ignorante e desmiolada que tudo aceita.
As primeiras formas de luta contra a corrupção e para uma democracia digna desse nome, são sem qualquer dúvida:
- Governos formados de acordo com os resultados das eleições;
- O controlo dos políticos pelo povo que deveria ser soberano;
- Terminar com a corrupção, começando por acabar com o assalto dos animais aos cargos públicos, os quais devem ser todos postos a concurso público.
Muito longo é o caminho a percorrer num país que tanto se afastou da democracia e da honestidade, mas estes pontos são o princípio indispensável para qualquer avanço.
Pensa que o que aqui está é mau e que para ser completo nem precisava de tantas acusações? Ou pensa que ainda assim poderia ser pior e ser uma democracia? Então veja o conteúdo deste post no parágrafo com o texto de caracteres de tamanho aumentado.