Blog do Leão Pelado



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Colaboradores:

A. João Soares, Aruangua, J. Rodrigues, Sapiens, Mentiroso



O Portugal do Terceiro Mundo
II – Sinais Característicos dos Países do Terceiro Mundo

Na sequência da política infame lembrada (1, 2 e 3), chegámos ao nível dos países do terceiro mundo, para não dizer do quarto mundo, atendendo a avanços significativos verificados nos primeiros que Portugal não foi capaz de acompanhar e chegar a satisfazer.

O que aqui se menciona não se limita apenas a caracterizar um país do terceiro mundo, mas o seu conjunto é disso prova irrefutável.

Não nos iludamos com o assobiar de serpente dos políticos, sobretudo sabendo que apenas querem os nossos votos, porque os sintomas do terceiro mundo são mais do que isso. São em quantidade suficiente, a maioria até de carácter permanente. As provas dos atrasos são avassaladoras e vêm mencionadas no site da Mentira! sob o título «Bases da Democracia», mas outras existem. Por muito que os políticos o neguem e nos mintam, a verdade é essa, verificada em todos os países, duma maneira nos do terceiro mundo, no sentido contrário nos mais avançados.

Cuidados de saúde e idosos
Como noutros países do terceiro mundo, à prevenção na saúde, não é atribuída nenhuma importância, nem a maioria dos medicamentos para esse efeito são participados. Faz-se muito alarido jornalístico sobre a prevenção, mas não passa disso. Quando se fazem rastreios, por exemplo, são apenas para atirar areia aos olhos dos eleitores – como tudo o resto, aliás – pois que na maioria das vezes não duram mais do que dois ou três dias e são apenas ocasionais, mesmo nos maiores centros populacionais, como em Lisboa, "para inglês ver". Temos todas as doenças características dos países do 3º mundo, excepto aquelas que só se desenvolvem em climas que não correspondam ao nosso. A tuberculose e o elevadíssimo número de contagiados de SIDA são dois exemplos flagrantes do terceiro mundo que nos fazem ocupar um lugar privilegiado, não só na Europa, mas mesmo no mundo. O comportamento da população face à SIDA: ignorância, irresponsabilidade, crenças incrédulas e modos de agir. O ensino adequado permitiu a ultrapassagem destes problemas logo ao fim de poucos anos em países mais avançados, enquanto que, em Portugal, ao fim de um quarto de século após o desenvolvimento da doença, a situação mantém-se.

A falta de assistência a idosos e o completo desinteresse pelo seu tratamento, tampouco existindo nem sendo ensinada no país a especialidade médica relativa -- a de geriatria -- é mais uma característica do terceiro mundo. O governo de José Sócrates quis aparentar interesse neste sentido. Embora o milagre de tudo mudar da noite para o dia não seja possível, logo em seguida mostrou-nos que o seu pretenso interesse não passava de mais uma alegação de cinismo e impostura.

Se a verdadeira reestruturação da administração do Estado não for concretizada competentemente (incluindo o fim total duma burocracia atrasada e estúpida) e se a especialidade médica de geriatria não passar a existir como nos outros países e a falta desses médicos continuar a verificar-se, estaremos frente a outra vigarice política, visto ser este o primeiro requisito sobre o assunto.

A carência geral em tudo o que diz respeito à saúde é outra característica intrínseca aos países to terceiro mundo. A incompetência, o desleixe e a corrupção gerais, mas sobretudo da parte dos governos, enquanto que com termos de impostura nos dizem "estou tranquilo" ou "estamos a trabalhar" ou outras frases cínicas e falsas do mesmo tipo, são outras causas principais entre as tantas que fazem de Portugal um país do terceiro mundo. Os esforços dos políticos gananciosos em nos enganarem tentando convencer-nos de que estão a trabalhar no sentido do interesse geral e para o bem da Nação, quando de facto o fazem apenas no seu próprio interesse, é indubitavelmente outra fonte do atraso do País.

Face aos resultados apresentados, o uso destas frases e de outras semelhantes é a própria expressão da vigarice, da burla e da malícia por parte dos políticos irresponsáveis que as pronunciam. Este facto salta aos olhos e é inegável. Estas fontes são praticamente inumeráveis, pelo que ficam aqui por citar, o que, evidentemente, não implica a sua inexistência.

Infraestruturas básicas
Água, electricidade e esgotos
Faltas de água frequentes devidas a rupturas nas canalizações de distribuição é outra das principais característica. Locais onde as câmaras mantêm água a correr constantemente sem nenhuma objectividade nem utilidade. As perdas de água nos serviços de distribuição; como exemplo conhecido, cerca de 35% da água que circula no subsolo de Lisboa provém de perdas da EPAL, perdas muito semelhantes às da cidade do México, com 40%; nalgumas áreas do Algarve, as perdas chegam aos 45%. No entanto há impostores parvalhões que nos dizem que não deixemos as torneiras a pingar! Para a pouparmos! Que comecem por dar o exemplo. Não?

A EPAL começou a substituir mais de 400 Km de condutas em 2005 e em 2006 já ia em cerca de metade. Sabendo que Lisboa tem muito mais de 1400 Km de canalização de água, dos quais apenas cerca de 200 são posteriores à década de 1950, esta “grande” operação em curso é tão pequenina que se torna ridícula.

Inúmeras falhas no abastecimento de corrente eléctrica. A quinta parte da população não tem esgotos nem tratamento de águas. Estas três últimas, água, electricidade e esgotos são verdadeiras características de países profundamente atrasados e que só neles ocorrem. Uma das primeiras medidas tomadas nos países em pleno desenvolvimento (não subdesenvolvidos) é a substituição das canalizações, o que lhes faz poupar entre 15% a 60% no consumo de água e nas despesas muito superiores de reparações contínuas a conta-gotas, consoante as condições em que as infra-estruturas se encontrem.

Pequenas coisas significativas
Mais despercebido, mas não menos grave por operar uma cisão nos direitos constitucionais de igualdade dos cidadãos, disfarçado sob todos os aspectos a fim de impedir o reconhecimento da triste realidade, é a permissão de abertura do comércio aos domingos e feriados. Este facto, mascarado de inócuo é considerado por todos os países europeus como anti-democrático, e todos eles menos Portugal reconhecem que tal permissão dá aos ricos (proprietários das grandes superfícies comerciais com abertura permanente), indiscutível vantagem de tratamento sobre os mais pobres (que têm os seus pequenos comércios) e os empregados de ambos em relação à restante população nacional. Os proprietários e administradores dos comércios de abertura permanente podem, assim, gozar os seus domingos e feriados, enquanto que aos mais pequenos tal só lhes é possível mediante o castigo da pena de ganho ou do despedimento.

A desigualdade de tratamento é deste modo assegurada e garantida por uma legislação que contorna e contraria a constituição, criando uma subclasse destinada a ser espezinhada em nome do bem-estar de outros. Esta legislação, por si só, coloca Portugal fora do contexto democrático europeu. Faz dele um país não do terceiro mundo, mas do quarto, em consequência duma legislação reconhecida e propositadamente anti-constitucional, anti-democrática e contrária ao uso na UE.

Por aquilo a que alguns chamam "as pequenas coisas" se nota o que se passa com as grandes. Aliás, como tudo no país, pela parte dos políticos. Na mente de políticos corruptos, desde que se possa ludibriar o povo e ele continue enganado e convencido de que não o enganam, tudo vai sempre bem, visto que nada impede que os carneiros continuem a votar neles.


Este artigo é parte duma série em vias de publicação sob o tópico «3º mundo». Os casos que comprovam Portugal encontrar-se na “parte baixa” do terceiro mundo são demasiados para se comprimirem em poucas linhas.

3 mentiras:

Savonarola said...

Uma análise profunda dos sinais de terceiro-mundismo neste cantinho à beira-mar plantado. Na minha modesta opinião de leitor formado em História - curso em que deixei o último ano por concluir, pelo que não sou "doutor", como tantos que alardeiam o título em proveito próprio - Portugal é um país construído a partir de cima, isto é, foi sempre o Estado, desde os tempos do Afonso Henriques, que movimentou, não só a coisa pública, como a sociedade civil, imiscuindo-se directamente na esfera do privado. Veja-se o tão propalado caso dos Descobrimentos, empresa privada e monopolista do Estado-Coroa.

Para não me alargar enfadonhamente, o Portugal do século XXI continua a ser o dos séculos XX, XIX, XVIII, etc. O que faz de nós terceiro-mundistas na sociedade contemporânea. Porque é o Estado - corrupto, composto por indivíduos geralmente incompetentes - que continua a mexer os cordelinhos da sociedade civil.

Como anarquista, defendo uma plena participação popular na Res publica!

Um abraço

A. João Soares said...

Mais um texto objectivo, credível que é pena não ser lido e meditado por cada um dos portugueses. E onde está a porta de saída deste buraco pantanoso, pútrido? Toda a gente converge para a necessidade de tornar o ensino mais prático e atractivo, a fim de alterar as mentalidades com vista a dar o salto do 4º para o 1º mundo. Mas essa solução é demorada e deve começar já com persistência. Entretanto, é preciso que os adultos com responsabilidades de cidadania, usem da liberdade de opinião e critiquem o que está mal e dêem sugestões para o que pensam ser o bom caminho.
Há uma falta de seriedade geral; segundo o PGR, o povo não condena a corrupção!!! Isso ficou provado nas últimas autárquicas. Temos que fazer muita força. O Governo reage às manifestações de rua e cede. É preciso seguir para já essa via.
Um abraço
A. João Soares

Mentiroso said...

Dar um salto do 4º para o 1º mundo, assim em poucos anos, quando demorou mais de trinta a destruir para se chegar ao ponto actual? Isso é conversa de políticos vigaristas para atrasados mentais. Sobretudo quando não só não se vê nada que se possa tomar como reconstrução, mas sim a demolição final dos destroços mais volumosos.