Este blog é francamente neutro face a este referendo. Todavia, sob um manto aparentemente simples, outras questões mais importantes se levantam. Escondidas por políticos e jornaleiros, para não destoar da malícia do costume.
Desde tempos imemoriais sempre houve alguém que se quis desembaraçar de crianças. No princípio matavam-se à nascença ou iam-se abandonar longe, método ainda por vezes em uso. Mais tarde, quando se começou a compreender que havia outras possibilidades que deixavam menos remorsos, optou-se por fazê-lo mais cedo, ou seja, antes de chegarem à luz. Os métodos podem ter mudado, aperfeiçoados pelos conhecimentos adquiridos através dos tempos, mas mais nada mudou. A ideia sempre foi análoga.
Contudo, parece que uns escondem e outros ainda não aprenderam que um feto humano, após oito semanas de gestação, está completamente formado, o que inclui dedos, unhas, pele, um pequeno cérebro, olhos, coração que bate, mexe-se e até se parece mais com um adulto que com um recém-nascido. Daí, a barreira das 10 semanas já ser ultrapassada no que respeita à existência ou não de vida. Poucos são aqueles a quem isto lhes foi ensinado.
De regresso à actualidade, têm-se observado os esforços empregues pelos estados para evitar estes acontecimentos que, no fundo ninguém deseja, muito menos aqueles que os praticam. Começou por se proibir o aborto. Em seguida tomaram-se outras medidas mais eficazes.
Nas últimas décadas houve um maior esforço em educar as massas, em instruir todos os indivíduos sobre os caminhos possíveis de evitar a continuação da matança. Tudo se fez nesse sentido, incluindo educação sexual, planeamento familiar e todos os ensinamentos necessários, para além de como usar os contraceptivos eficientemente e não à toa. Raros eram então os países em que o aborto era permitido.
Mais tarde, quando os ensinamentos começaram a frutificar e o auxílio indispensável a quem o necessitava era amplamente provido, as escassas condições sob as quais o aborto era permitido foram alargadas. Em certos países o condicionalismo foi mesmo praticamente abandonado. O conhecimento, o civismo e o sentido de responsabilidade de sociedades mais desenvolvidas tornaram-nas mais responsáveis e mais preparadas para tomar decisões acertadas e tão humanas quanto possível.
Que se passou, entretanto em Portugal? Nada. Ou quase nada, o que é equivalente a nada. Governos que se dedicaram a embrutecer a população, teriam realmente feito um esforço particular e selectivo no mesmo sentido que se verificou, entretanto, nos países que evoluíram enquanto Portugal parou? Parou, não podemos obliterar o facto de que desde o fim da Segunda Guerra Mundial, a maioria dos países europeus encontrava-se a nível idêntico, dado a maioria ter sofrido idêntica destruição. Entretanto, Portugal permaneceu intacto, mas o progresso nacional foi sempre menor. Para cúmulo, o plano Marshal foi imperdoavelmente recusado por Salazar. Deste conjunto resultou uma permanente acumulação de atraso. Nesta comparação, nas últimas décadas verificou-se um retrocesso. Não se pode pretender ignorar que dum atraso de pouco mais de 20 anos em princípios da década de 1970 (25 a 30 anos após o final da guerra) se passou a mais de 52 anos em fins de 2005, sempre em relação aos mais avançados, segundo o Eurostat.
Para os muitos que insistem em afirmar que se fez progresso, o esclarecimento é simples: houve progresso, mas sempre inferior ao mundial, donde, efectivamente, se traduziu num progressivo aumento de atraso. É mais um facto sobre o qual os governos continuam a enganar a população. Quando dizem que com eles o país fez um grande progresso sobre o ano anterior, escondem maliciosamente que os outros países também, só que o fizeram sempre muito maior, donde o que realmente houve foi um atraso igual à diferença. Afinal, contas bem feitas e não à conveniência de quem o proclama com falsidade repulsiva, o atraso continuou a aumentar logaritmicamente. Embuste!
Qualquer insistência se torna descabida; o atraso vê-se, sente-se e vive-se. A nossa situação geográfica longe do centro da Europa, permite um logro e encobrimento fácil aos embusteiros. Observa-se mais facilmente a miserável Espanha que nos é enfiada pelos olhos como um país muito adiantado, para ficarmos a pensar que se ela é assim tão adiantada, então o nosso atraso relativamente à média europeia não será assim tão grande. Se não são um bando se vigaristas profissionais, então o que são?
Em consequência, em Portugal, além da continuada e praticamente inexistência de propagação dos conhecimentos didácticos, o apoio às famílias e em especial às mulheres, também ele praticamente não existe, é rudimentar e uma afronta extremamente perniciosa feita à população. O estado actual só pode ser fruto de governantes mal intencionados. Este facto deixa as famílias e as mulheres completamente desamparadas, em que frequentemente o aborto é a única solução viável aos problemas causados por estas faltas. Fruto do trabalho dos governos.
Independentemente das razões que cada um defenda sobre a liberdade ou não de abortar, qualquer opinião esbarra obrigatoriamente com as condições verificadas no parágrafo anterior. A realidade diz-nos que a população portuguesa não tem ainda os conhecimentos, nem a preparação, nem o civismo necessários para que a liberdade de escolha lhe seja outorgada. Afirmar que as mulheres portuguesas não têm capacidade mental para tomarem essa decisão, é contar a verdade. O problema não se restringe a elas só nem é por serem mulheres, é geral e atinge quase todos sem distinção: a elas também.
Com efeito, este caso não é mais do que um entre tantos outros em que os políticos não cumpriram as obrigações a que as suas eleições os sujeitaram. Os políticos, em geral, crêem que são eleitos para servirem as suas ganâncias e não o povo seu soberano, patrão ou empregador, a quem devem vassalagem e não suserania. Nunca tomaram qualquer medida que preparasse a população para tomar decisões sobre a vida de uma criança, nem proporcionaram o apoio necessário que lhes permitisse fazer uma escolha acertada e responsável. Assim geraram a situação actual.
Casos absolutamente idênticos verificam-se em todos os assuntos que requeiram a preocupação dos governantes para as necessidades da população e da nação, alguns dos quais estão descritos aqui neste blog e que devem ser vistos porque, ainda que poucos, são bem elucidativos do que levou o país ao presente estado. Definem a regra geral.
Cabe ainda realçar que este blog não pretende fazer recomendações em geral sobre o que se deve ou não votar. Todavia, é evidente que mesmo para quem esteja convencido que a permissão para abortar deva ser generalizada, as condições de apoio pessoal e familiar, assim como o ensino sobre os assuntos estreitamente relacionados, são todos rudimentares, insuficientes ou inexistentes em Portugal. Donde, a enorme maioria da população não tem qualquer preparação para assumir a responsabilidade dos seus actos a este respeito.
É um erro fundamental admitir a qualquer pessoa assim irresponsável – não por sua culpa directa, mas porque tem votado em carniceiros – tomar qualquer decisão irresponsável sobre uma outra vida humana. Para mais, também nas circunstâncias actuais, o aborto clandestino não vai desaparecer a partir das dez semanas de gravidez. O sofrimento das mulheres continuará. Os argumentos dos liberacionistas são estúpidos por não compreenderem a realidade, sempre relativa a estas circunstâncias e avançam razões absolutamente absurdas por desprezarem essa realidade. O problema no facto é que só o conhecimento e o apoio inexistentes podem trazer uma verdadeira liberdade à mulher. Sem isso, tudo é mentira e ilusão. A liberação do aborto só pode ser humana desde que as condições mencionadas sejam previamente satisfeitas e na sua totalidade.
O interesse dos políticos é apenas na intenção de extorquirem votos com o mal da população. Novidade? Eles sabem-no perfeitamente, pois que foram eles quem arrastou a população para a fossa onde ela se encontra. Durante os oito anos que decorreram desde o referendo precedente nada fizeram para ajudar as mulheres nem as famílias.
O governo diz actuar em defesa das mulheres e nega-lhes a vacina para o cancro do colo do útero!? Fazem pouco da desgraça que semeiam e espalham por todo o país.
Observação. Os defensores da libertação do aborto fizeram um erro monumental. Para definirem um acto que impõe um “fim” ou um “termo” irrecuperável, adoptarem o termo “interrupção”, um vocábulo cujo significado geralmente expresso é o de “suspender” ou “parar momentaneamente”. Independentemente da possível realidade ou intenção, esta escolha de semântica só pode virar-se contra os que a apoiam porque fomenta a desconfiança por um fim escondido ou mascarado, ou palavreado para enganar os indecisos.
Se alguém continua enganado, embezerrado e estupidificado pelos políticos, a ponto de julgar que alguma coisa vai mudar na vida das mulheres (e dos homens, como pais), a não ser um aumento do número de abortos, veja-se mais uma opinião de quem não é contra nem a favor.
Este blog está construído segundo as normas da W3C, pelo que pode apresentar irregularidades em browsers que não as sigam, como o Internet Explorer e o Google Chrome. As bandas rotativas não funcionam no IE e as molduras são duma só cor. |
Visite o blog da Mentira! Colaboradores: A. João Soares, Aruangua, J. Rodrigues, Sapiens, Mentiroso |
Aborto – SIM ou NÃO?
Tópicos: Corrupção, Destruição, Embuste, Traição
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
2 mentiras:
Obrigado pela visita.
A questão do "ABORTO" é mesmo para "empatar" o "ZÉ", né?
Abraço
Paulo
Qual interrupção, qual quê???
Trata-se de um aborto provocado definitivo.
Não há solução satisfatória para ambos os lados, porque falta educação sexual, civismo, conhecimentos gerais de biologia e um adequado apoio social para as mães e as famílias mais carenciadas.
Na sociedade moderna os pais não têm qualquer benefício em ter filhos. Só dão despesas e preocupações e não serve de apoio na velhice e nas dificuldades. Devia, por isso ser o Estado a tomar contas das crianças, educá-las e torná-las adultos produtivos! Mas no caso Português, o Estado é incapaz e incompetente pra desempenhar uma tal tarefa. Veja-se o caso da Casa Pia que tem servido de pasto pra as depravações de políticos e «notáveis» da sociedade putrefacta.
Concluo dizendo que se as mulheres soubessem o que é o sexo e a maternidade, e os mil e um processos anticoncepcionais não teriam necessidade de abortar. O aborto só serve para ocultar a estupidez, ignorância e desleixo das jovens mulheres.
Cumprimentos
A. João Soares
Post a Comment